segunda-feira, 30 de julho de 2012


Mais uma noite sem dormir. Tenho sono, mas também tenho no que pensar. As falsas certezas foram dando lugar as dúvidas sem respostas, que foram dando lugar ao desespero. Estou fazendo a coisa certa? As vezes penso que é por falta de religião, falta de Deus. Seria mais fácil se eu acreditasse em alguma coisa? Independente da religião, os que acreditam parecem mais bem resolvidos, as certezas e verdades da vida foram definidas pra eles. Não seria melhor então que eu acreditasse em mim? Na minha capacidade? De resolver problemas, de seguir em frente, de melhorar. Mas não faço nada. Nem mesmo o que eu deveria gostar de fazer, ou estar fazendo por princípios que eu mesma determinei. Talvez eu só não queira fazer. Não quero começar, porque sei que não vou terminar. Não por medo de errar, de ficar ruim, de me decepcionar, mas por medo de terminar sim, mas sozinha. Não só sozinha de gente, de amigos, de amor, mas sozinha de sorrisos, de instantes, de prazeres. Fazer por fazer, não quero. Talvez falte pensar no futuro, a longo prazo. Mas, vale a pena pensar no futuro? Será que pensando num futuro não vou viver pela metade o presente do futuro? Não quero viver pela metade esse presente de agora. É imediatismo, eu sei. Mas mesmo com poucos anos pra contar, vejo que nunca questionei o que  fazia, porque fazia. Sempre me precavi, me abstive. Ignorei tantas vezes minhas vontades, meus instintos da juventude, que aos poucos me tornei incapaz de percebê-las, ou senti-las. Enquanto sento na prancheta o sangue para de correr em minhas veias, enquanto compro um café na lanchonete da esquina já sinto a ulcera que esse vício vai me causar. Enquanto janto mais um miojo sozinha no meu quarto em frente ao computador e não sinto a diferença entre aquilo e borracha, a minha vida se vai. “Ainda sou jovem” deveria pensar, mas a juventude não é sinal de vida pela frente. Essa certeza ninguém tem, nem mesmo os religiosos. A juventude pode ser sim, sinônimo de vida vivida. De não temer a morte. Eu não temo a morte, mas temo esse estado de transição. Essa vida entorpecida, sem sentido, sem significado pra quem a vive. Sem motivo. Temo ter vivido comigo mesma por pouco tempo pra já ter desistido de mim. De não me conhecer, por nunca ter me permitido ser eu mesma. Há esperança, entretanto, se eu não gosto de mim agora, quando eu for mesmo eu, talvez eu seja uma melhor companhia.

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