Irrompi as ruas destinada. Com pressa, passos largos e
fôlego curto. E então as cores chamaram minha atenção. Uma lojinha indiana na
promoção. Não resisti e entrei esperando que aquelas cores todas de alguma
forma contaminassem o meu dia. Explorei cada tom, cada estampa. Corri os dedos
pelos tecidos. Parecia produzir um arco-íris. E no meio de tanta coisa encontrei
algo que me lembrou de alguém. Um presente. Um presente pra uma pessoa querida.
E enquanto me dirigia ao caixa, imaginava o sorriso, a surpresa, o abraço tímido
de um menino crescido desacostumado a receber presentes.
De volta ao meu caminho, a lembrança virou saudade. Uma
condição me reprimiu: a distância. Lembrei que demoraria a vê-lo, que teria de
guardar o presente. Lembrei que não o verei tão cedo. E continuei o meu caminho
pensando no que eu fiz, segurando firme o pacote brilhante. A verdade é que eu
sabia que não conseguiria dá-lo tão cedo. Eu sabia que o guardaria por muito
tempo, acumulando a poeira dos meses. A
verdade é que eu queria tocar, sentir algo material, um pedaço de qualquer
coisa que condensasse as lembranças e abrandasse a saudade dele.
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