quarta-feira, 22 de agosto de 2012

eu não sei quem você é
nem como chegou até aqui
não passou pelos portões
pelas pontes levadiças
foi sorrateiro se aproximando
não disse suas intensões
e eu só espero que você continue entrando.



segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Dizem que no amor e na dor
todo homem é igual
Esquece das razões
Vira animal
Mas eu já acho
que nos dias de hoje
tanto nos deificamos
que é no amor e na dor
que lembramos que somos
apenas humanos.




Eu entendo
os safados
os cachorros
as amantes
as galinhas
os ficantes
os aventureiros
os errantes
Aqueles que vivem as paixões
às paixões
sem [pré]conceito
nas entrelinhas


Não vejo sentido no que escrevi.
Não vejo sentido em escrever.
As coisas que eu escrevo
estão fadadas à divagar.
Escrevo-as pra mim
São todas sobre mim
e sobre o que eu sei
E eu nem sei quem sou.

sábado, 4 de agosto de 2012



Tem amores e amores
Tem amores de sabores
Tem quase amores
Tem desamores
Tem amores homeopáticos
Que tomados em doses diárias
Previnem futuras dores.



duas vidas que se sabotaram
decididas do exílio
reerguidas dos destroços
reparam minhas ruínas
em comunhão.


quinta-feira, 2 de agosto de 2012


me da a deixa
deixa eu provar
como eu te quero
deixa eu tentar
te convencer
não tem que temer
compromisso, fidelidade
é só pra passar a vontade
que me mata a curiosidade
de como vai ser
te beijar




Eu sei que é egoísmo, num momento desses pensar em mim. Mas é que com as lembranças do que fomos e do que foi, dói aos nervos a disparidade do que é, do que me tornei. Da encruzilhada que dividimos à estrada que eu escolhi, perdi o sentido. Nem sei mais pra que caminho. E você, tomou atalho, foi direto pro Destino. Disparate, é verdade. Entretanto, me pergunto, como você foi embora sem me perguntar se eu queria ir junto?


quarta-feira, 1 de agosto de 2012


um quarto de apartamento
da cadeira, na minha frente
aperta, amassa, umedece
sorri de lado, da um trago
e eu na cama imaginando
o que seria de você
se me quisesse

quanto mais eu tenho, mais eu devo.  
quanto mais eu dou, menos querem.
não vale conquistar, pra não decepcionar.
não quero saber dessa tal moeda
em que apostam tanto todas as fichas
penhoram sonhos
gastam o tempo
cobram do outro
o que perderam
esse negócio
que precisa de contrato
pra não prejudicar
não quero saber desse mercado
da pressão de desigualar
não quero essa vida de apostador
não vou me meter com esse tal de amor.





este elo, antes de aço
ferrugem pela mesquinhez
diluído em cloro e choro
me rasga a pele feito parafuso
e se era amor que recebia
em meio a sangue latejante
carne talhada, fibra distendida
saio com dor do sal das lágrimas na ferida
e tétano

lua cheia
praça vazia
sorriso de lado
olhos vermelhos
boca de vinho
o abraço que comporta o peso da minha alma
a vista turvada pelos beijos de fumaça
e o silêncio de quem entende
que se não cabe em nós
cabe no céu

Irrompi as ruas destinada. Com pressa, passos largos e fôlego curto. E então as cores chamaram minha atenção. Uma lojinha indiana na promoção. Não resisti e entrei esperando que aquelas cores todas de alguma forma contaminassem o meu dia. Explorei cada tom, cada estampa. Corri os dedos pelos tecidos. Parecia produzir um arco-íris. E no meio de tanta coisa encontrei algo que me lembrou de alguém. Um presente. Um presente pra uma pessoa querida. E enquanto me dirigia ao caixa, imaginava o sorriso, a surpresa, o abraço tímido de um menino crescido desacostumado a receber presentes.
De volta ao meu caminho, a lembrança virou saudade. Uma condição me reprimiu: a distância. Lembrei que demoraria a vê-lo, que teria de guardar o presente. Lembrei que não o verei tão cedo. E continuei o meu caminho pensando no que eu fiz, segurando firme o pacote brilhante. A verdade é que eu sabia que não conseguiria dá-lo tão cedo. Eu sabia que o guardaria por muito tempo, acumulando a poeira dos meses.  A verdade é que eu queria tocar, sentir algo material, um pedaço de qualquer coisa que condensasse as lembranças e abrandasse a saudade dele.